Manteiga Cultural

Hoje eu estava em casa e tive uma brilhante idéia que eu achava ser muito original: por que não fazer pão com manteiga usando a minha frigideira como uma chapa?
Ao enunciar minha descoberta para o resto da minha casa, riram de mim. Todas pessoas menos uma, a membra conterrânea da minha república que falou que "eu só comi pão na chapa quando vim pra são paulo".

Nesse momento veio toda a história do pão com manteiga relacionada com a minha vida na minha cabeça.

Da minha infância só me lembro de um fato: um episódio do castelo ratimbum. Nele havia um concurso de sanduiches no qual Nino premiava um...pão com manteiga, ou seria margarina, em detrimento de todos os outros sanduiches requintados. Foi aí minha primeira relação com a manteiga, lembrando que eu sempre me questionava por que minha mãe insistia em passar margarina, que pra mim era a mesma coisa que manteiga, em todos os meus sanduiches.

Depois existe um gap de cerca de oito anos na minha relação com a manteiga tirando usos exporádicos dela em casa na falta de margarina, que eu já sabia diferenciar da manteiga pelo potinho.

Passados todos esse anos eu já sabia diferenciar a manteiga da margarina pela sua consistência. Foi então que devido a falta de comida, devida a minha preguiça, eu comecei a frequentar o circuito gastronômico matutino da universidade de são paulo.
Nele meus companheiros paulistas e paulistanos pediam pães na chapa. Foi aí que eu comecei a fazer uso constante desse até o momento da primeira estorinha na qual minha conterrânea me defende.

O que isso me leva a pensar é que quanto mais para o norte eu estava, mais eu sentia a influência da manteiga na minha vida. É aí que estão as diferenças culturais, é aí que elas devem ser procuradas, nas pequenas coisas do café da manhã, na composição do seu sanduíche. Muito além de discuções sobre como deve se chamar a tal da fruta de gominhos...