Oct 31, 2007

tem coisas na nossa vida que não mudam nunca

juro que não conseguia parar de sorrir ao ver isso!
sentado no ponto de ônibus com o fone de ouvido, eu não entendi o que me falavam e gesticulavam de dentro do carro desconhecido.

ao liberar minhas orelhas, não acreditei: finalmente ouvi umas das coisas que mais esperei durante minha vida universitária: quer carona?

em todos meus dias na usp me perguntei porque diabos aquelas pessoas sozinhas, ou quase, passavam reto com suas máquinas pelos pontos de ônibus cheios de gente, sem oferecer um banco livre para ninguém. com certeza algum dos usuários do transporte público iria embora pela mesma saída da cidade universitária que o motorista.

a desculpa do medo não vale: os caroneiros em potencial são seus coleguinhas da elite intelectual tupiniquim. os mesmo que você pede se tem ticket pra vender no bandejão ou para te ajudar a tirar a mala do armário da biblioteca quando você esquece a senha dele.

numa ilha feita para carros, que o pessoal costuma chamar de campus, sempre senti falta de ganhar caronas de pessoas aleatórias, e quem sabe finalmente conhecer gente de outras unidades.

só tive um problema nessa hora: me ofereceram o caminho da cidade jardim. eu ia pra vila madalena.

mas, mesmo assim, quase aceitei.

Oct 11, 2007

talvez a coisa mais útil da internet tenha sido a criação de databases em que você acha qualquer informação pontual sobre determinado assunto.

no imdb, você consegue descobrir o roterista daquele décimo sétimo episódio da quinta temporada daquela série que foi descontinuada na década de oitenta e que você gostava tanto.

no allmusic guide, você consegue descobrir qualquer coisa que você quiser sobre seu harpista paraguaio preferido.você pode até ficar sabendo sobre todas as coletâneas de world music em que ele apareceu nos estados unidos na época em que a new age era hype.

já no ipdb, você descobre até o peso daquela máquina de pinball do twister que você jogava em meados da década de 1990.

pinball? isso. o international PINBALL database é incrível!

tem fotos, ratings de usuários, dados técnicos, bibliografia e até emuladores para você jogar aquele pinball temático do central park que eu sei que você gosta tanto!

Oct 9, 2007

quando pequeno eu queria tocar harpa.

tudo bem, eu queria tocar harpa tanto quanto eu queria tocar gaita de fole, oboé, saxofone ou banjo. tanto quanto eu queria ser presidente, corredor de 800m ou dono da legolândia. mas que eu queria tocar harpa, eu queria.

engraçado que, apesar desse meu desejo, nunca tinha visto uma harpa até semana passada.

vi pela primeira vez num show da joanna newsom. uma menina descolada, de vinte e quatro anos, que foi apadrinhada por dois grandes produtores do underground americano: steve albini (nirvana, pixies, slint e metade do pós-rock) e jim o`rourke (wilco, sonic youth e chicago inteira).
com a a benção dos dois, a menina caiu nas graças da crítica e esteve em quase todas listas de melhores do ano passado (inclusive na minha).

vendo o show, lindíssimo, pensei que talvez todoa essa pagação de pau em torno dela fosse em torno da harpa. pense comigo: provavelmente ninguém tinha ouvido uma harpa antes de ouvir o som da menina.

também, é fácil perceber porque ninguém nunca tinha visto uma daquelas na vida. ela tem tantas cordas quanto um piano mas tem cara de que desafina tão fácil quanto um violão. além disso, olha o tamanho daquela badolha: tem o dobro da harpista. por vídeos ainda deu para descobrir que aquela é a mesma harpa que a jovem usava na sua turnê americana. pergunta: como diabos ela trouxe aquele trambolho para o brasilsão? além disso, devido ao seu som aboiolado, a harpa some muito facilmente perto de outros instrumentos. coisa de gente sem amigos.

mas prefiro acreditar que o som dela que é incrível mesmo, que ela ouviu o que ninguém nenhuma outra harpista ouviu. a wikipedia até me ajuda com essa tese: diz que ela escutou muita música polirritimica, tipo afrobeat, saca? ai uma mão dela faz um ritmo, outra mão outro... tipo o baterista do rush, só que com suíngue! e fica uma loucura!!! quero acreditar que ela ouviu muito sabbath também!

mas ainda vou atrás de conhecer outras harpistas. e não vai ser da música clássica, vai ser do paraguai. lá, uma harpa mais humilde, pra não dizer meia-boca, é o instrumento nacional. tipo o violão aqui. só não sei ainda por onde começar minha busca pelo baden powell guarani.