Mar 21, 2007

o piero e a britadeira

Finalmente me deparei com uma britadeira de verdade! Para mim elas sempre foram coisa de operários do começo do século XX, cuja maior utilidade na nossa época foi aparecer em desenhos incomodando o Pato Donald.

Apesar do charme do aparelho, engano seu se acha que esse meu encontro com ele foi prazeroso! Talvez o maior motivo desse desprazer tenha sido o horário: sete horas e dois minutos da manhã de uma terça-feira. Disposto a ferrar com a minha falta de rotina, a dita cuja me acordou de uma forma que nenhum despertador jamais seria capaz! O insuportável barulho dele é metálico, ritmado e vai ficando menos constante para o fim, como uma bolinha de gude de duas toneladas de ferro sendo jogado ao chão em intervalos irregulares.

Foi esse o meu contato com ela. Sequer a vi, pois as obras do metro não ficam ao alcance da minha janela. Como eu sabia que era realmente uma britadeira? Pela similaridade da forma do som com o das britadeiras dos desenhos animados. Similaridade que acabava por aí: o volume das tvs são mais baixos e o barulho tem fim nas animações. Na vida real, por sua vez ela fica quase uma hora sendo ligada em intervalos caóticos, que causavam a mesma agonia de uma crise de soluços. Quando se acreditava que ela havia finalmente parado e e era possível relaxar, o som metálico que premeditava a nova série de barulho vinha novamente à tona!

Quando eu consegui dormir? Não sei ao certo. Lembro de eu agoniado, rolando na cama com travesseiros sobre a minha cabeça e até pensando em ir para algum amigo próximo. Como numa crise de soluço, quando eu menos percebi, ele havia acabado. Ou seja, eu acordava com um telefonema duma amiga minha, demorando pra racionar que se eu estava acordando, eu havia dormido. E seu eu havia dormido, o barulho havia parado. E por grande sorte, naquela hora não haviam mais britadeiras na minha vida.

Mar 17, 2007

lembrei duma história que aconteceu no começo desse ano

Foi no meio da tarde. Eu estava numa dinâmica no prédio da Editora Abril, aquele da Marginal Pinheiros, tentando uma vaga para estagiário. Escrevia um texto sobre alguma coisa aleatória, do tipo como você se enxerga daqui a cinco anos?, quando, de repente, faltou luz. O prédio é de vidro, e a priori não teve treta, a luz continuava entrado e minha redação foi continuada. Mas, depois a treta veio: uma mulher entrou gritando na sala, ABRIU UM BURACO NO MEIO DA RUA!!! SAIAM QUE O PRÉDIO PODE CAIR!!! RÁPIDO PESSOAL, RÁPIDO!!!

Visto nossa situação de candidatos à vagas, hesitamos em sair até que recebêssemos o reconfortante podem ir! nós entramos em contato assim que possível pra remarcar. A partir daí, uma correria doida que logo depois foi interrompida por odiáveis portas giratórias.

Uma vez fora do prédio, tirando o choro de alguns e o movimento anormal de pessoas, não havia nada de estranho! Na curiosidade de sempre, fui atrás do tal buraco.

Quando virei a esquina, aí sim, vi o chão aberto! E daí, MANO! O que era aquilo... era um momento em que a vida imitava o cinema! Aquele não parecia um buraco digno de um metrô, mas do primeiro meteoro que preconiza o fim do mundo.

Na hora, o buraco ainda não tinha a fama que viria a ter nos dias vindouros, com direito a manchete no Jornal Nacional e capa na Folha de S. Paulo um mês depois. No meu momento supervaguardista, em que o buraco ainda era underground, a polícia recém chegava pra isolá-lo.

Minutos depois, indo até o sesc para um lanche, vem a ligação dum amigo meu, Rafael Duque, que trabalhava no Terra.

PIERO, você tá onde? Tá do lado da Abril??? Ótimo!!! Preciso duma foto do buraco do metrô pro site e tão pagando muito dinheiro! Vai ver se a máquina tá na tua mochila?? OK! Eu espero!!!

Volta três horas na historinha.

Eu, saindo de casa, percebo que a mochila está pesada. Abro ela, e penso Pra que eu preciso dum caderno e duma máquina fotográfica pra ir na Abril? Muito peso, vo deixar aqui.

Volta pro caminho do sesc.

Não, não Duque! Deixei minha máquina em casa. Sim cara, sei que é muito dinheiro... Quanto tempo pra eu pegar a máquina de novo??? Uma hora, pelo menos.... Não dá?? É muito tempo??? Beleza, esquece então cara... Fica pra próxima...

E desde então vivo sempre com a minha máquina a mão, a espera do próximo buraco no metrô que abrirá do meu lado...

Mar 7, 2007

escolha patológica

Você pegaria a Angelina Jolie ou a Scarlett Johansson? Prefere um show do Rage ou do Led? Base Jump ou Asa Delta? Morrer de Aids ou de Câncer? Dinheiro ou felicidade? Esse tipo de pergunta babaca e hipotética sempre me irritou profundamente. O problema é que me deparei com uma pergunta desse tipo, e que não era hipotética: Hipertireoidismo ou Cáries?

Explico-lhes: desde pequeno o flúor foi sempre meu brother. Esse halogênio me acompanhou desde o momento em que minha dentista virou pra mim e disse que esse esmalte aí nos molares vai te dar problema o resto da vida. você tem que usar flúor todo dia se você não quiser ter cáries!!!

Qualquer criança com pudor já sabe que cárie resulta em brocas e que brocas não são da hora. Foi por isso que usei o flúor regularmente durante toda, ou quase toda, minha vida.

Agora, pula uns 10 anos pra frente nessa história de pessoa esquecida, desorganizada e sem concentração.

O mesmo médico daquela história do Yakult manda: seu esquecimento, desorganização, unhas quebradiças e inquietamento são causado pela sua tireóide desregulada. você vai ter que tomar um synthroid 25mg e parar de usar flúor. vo te receitar uma pasta sem flúor e....

Para tudo!!! Era o flúor. Meu velho companheiro desde a infância, protetor meu de longa data, como ele poderia me fazer mal pra mim depois de tantos anos de convivência mútua e pacífica?

Foi aí que eu lembrei duns caras das antigas, os gregos. Eles tinham a palavra farmaco, que abrangia aquilo que faz bem e mal ao mesmo tempo. O flúor é, foi e sempre será, um farmaco. Durante toda minha vida ele foi uma faca de dois gumes, me inquietando enquanto protegia meus lindos pré-molares.

O que escolher afinal? A dor no dente ou o inquietamento constante?

Como os gregos estão (quase) sempre certos, apelo a eles de novo: dessa vez ao meio-termo aristotélico, a óbvia teoria que diz pra você ponderar bem as coisas e não ser radical em nenhum lado, ou seja, ficar em cima do muro.

Dito isso, continuarei escovando meus dentes com flúor e não fazendo bochecho com ele. Claro, tudo calculado para poder contar mais duas coisas na minha lista de pestes e continuar reclamando delas pras pessoas a minha volta!

ultimamente tenho escutado muita música dançante

a parte estranha é que eu tanto não sei quanto não gosto de dançar.