Nov 2, 2006

Tim Festival Curitiba

porque show bom na terra natal é só uma vez por ano...

nação zumbi
deve até ter sido bom. mas como tem mais show deles em são paulo que turnê do paul dianno tocando iron maiden, não me importei em perder o show do lado de fora da pedreira enquanto esperava meu amigo com mais uma cartolina escrito abraços grátis.

free hugs
fiz cartazes, tinha gente junto me apoiando e também receber abraços em todo mundo, mas minha tentativa de virar hype fracassou. três possíveis motivos para isso:
- curitibanos são frios, portanto, não gostam de abraços gratuítos;
- cartazes de cartolina derretem na chuva, portanto, não podem ser lidos quando chovem;
- ficar com o braço levantado cansa muito, portanto, não é possível ficar com o braço levantado durante tempo suficiente para que muitos curitibanos te abracem na chuva enquanto se encaminhavam para ver o mano sombra.

dj shadow
a promessa de pior show do festival, e do prêmio de M.I.A. do ano, não foi correspondida. o dj, igualzinho ao fred durst, mexe muita coisa e botão ao mesmo tempo de uma forma explendida. a cara de compenetrado do rapaz ao tocar sua música deixa muito guitarrista de pós-rock no chinelo. a música era bem feita, e o apoio do (insira o nome de um rapper "famoso" aqui) nos vocais ajudou para o show não ficar tão cansativo. a surpresa do festival foi muito bem vinda. tão bem vinda como a grande ajuda que o show dele teve: a chuva.

chuva
é sempre muito boa em show. mentira. quando você sabe que ainda há mais seis horas no recinto ela não é tão boa assim. foi a perspecitiva de águas em mim durante todo esse tempo que me fez ir comprar uma capa de chuva ao preço extorsivo de cinco reais. e claro, pouco tempo depois que eu havia comprado a capa, a chuva parou. e não havia mais água quando entrou no palco algo parecido com o joe ramone, a tia do punk, patty smith.

patty smith
devia ter algo de errado naquele bando de gente com camisetas do MC5 que iam pra perto da grade no show daquela aniciã. aquilo não parece nada com o que eu imagino ser um show do pré-punk. a patty smith é velha e no palco parece ainda mais velha. mas adimito que ela tem seus trunfos: a voz dela, aí sim, não é de velha. ela tira hits que tu não sabia que eram dela, aqueles que tu já ouviu em rádios rock as duas da manhã. o show dela também não foi tão cansativo para alguém que eu conhecia até uns meses atrás somente como a mulher do mapplethorpe.

robert mapplethorpe
um dos maiores fotógrafos da história. doido da arte contemporânea, tinha idéias bizarras como a de tirar fotos masculinas com corpos sexualizados como se fossem femininos. enfim, um baita cara que eu finalmente consegui uma desculpa para colocar nesse blog. vá atrás dele. afinal, estética bizarra por estética bizarra, é preferível ele do que aquilo que ainda viria naquele festival, o yeah yeah yeahs.

iéiéiés
- cinquenta anos de rock e tem gente que não aprende: nunca se abre um show com seu maior hit. repito: nunca abra um show com seu maior hit. gold lion (mas porra, isso é um hit?) fez o povo listrado pular bastante e parecer que viria um show bom. a partir daí, linha pra baixo durante o que pareceu ser muito tempo.
- trinta anos de mulheres feias no rock e esse povo ainda não aprende: se você for horrível e não se chamar janis ou kim, desista do rockenroll ou vá ser baxista. e não adianta ficar bêbada, se vestir em roupas verdes fosforescentes com meias calças, cara... aquela vocalista era muito feia mesmo.
- vinte anos de sonic youth e aquela mesma gente não aprende: microfonia e solinhos alternativos são pra quem sabe muito, somente algumas bandas que você pode contar na mão podem mandar ver nisso. as músicas do yeah, yeah, yeahs pareciam durar mais que aula de inglês no cursinho por causa das tentivas frustradas deles de fazer ruídos estranhos.

tudo isso, somado com a proximidade dos próximo show, fez com que aquele show que os relógios disseram ser o mais curto do festival (quarenta minutos???) parecesse ser um dos mais longos da minha vida.

minha vida
coisa que você percebe que é maravilhosa meia hora depois do show yeah yeeah yeahs, quando um cara de terno entra no palco, onde logo depois entrariam três meninos nova yorkinos.

3 mcs and 1 dj
o cara de terno tem seu paleto retirado pelo alfred no meio do palco. ele vai pra traz da picape e põe....Tom Sawyer, do Rush. isso...a musiquinha do magayver!!! o brother da picape põe a mão de todos pra cima sampleando aquilo e continua brincando com a platéia, que já era sua.
quando mix master para, a voz de AdRock quebra o silêncio eenquanto os três mcs entram no palco. Triple Trouble é o nome do começo da festa de verdade. o sampler da flautinha põe o sorriso em quase todos, quase porque não da pra exigir isso do povo listrado que tava na minha frente.
a brincadeira dois três segue durante quatro ou cinco músicas. nesse meio tempo coisas como sure shot e pass the mic, que é linda com os três malucos revezando o vocal no meio do palco. a brincadeira passa ao público algumas músicas depois com a força de Root Down e, aí sim, No Sleep Till Brooklyn.
é o começo da palhaçada. o que é já era mágico torna-se sublime. brass monkey e so watch`want ganham uma cara nova na mão de mix master e um peso novo com as caixas que chegavam a ventilar minha cara com sua força. o bis básico torna incrivel o momento pós-intergalatic. apesar de previsível, o momento ea hora que entram os instrumentos no palco é a coisa mais foda do show. depois de gratitude, a introdução de sabotage... porra, dê um jeito e veja um show dos beastie boys enquanto você vive.
afinal, eles parecem que ainda vão viver muito com a disposição que tem no palco. berram, gritam, chingam o prefeito por não ter dado a chave da cidade para eles. três crianças de 40 anos. se divertem com o aniversário de AdRock, e ainda gritam bastante. mas o mais incrível é: o melhor no palco, o que não é pouca coisa, era Mix Master Mike. o quarto beastie boys fica atrás de um vidro no fundo do palco e era o que mais trazia mãos para cima na platéia. no meio do show, ele erra. os três caras param e, mesmo assim, parecem estar brincando o tempo todo ao reclamar para o dito cujo. mas, já diziam eles próprios, nobody can do it like mix master can. E eu juro, foi a primeira vez que eu senti vontade de discotecar na minha vida...
nem a melhor das expectativas diria que o show seria daquela forma, e nem a pior das pessoas sairia sem sorrir... mas, estavamos em Curitiba

curitiba
a terra da antipatia. se há algo para reclamar daquele show foi o público. se bem que depois eu descobri que no outro lado da grade as pessoas se embolavam loucamente, mas prefiro acreditar que estavam todos parados.
parados como aquele povo que depois eu ia encontrar na rodoviária, dormindo para pegar o primeiro ônibus de volta para são paulo, com roupas largas, bonés de baseball e trinta e poucos anos nas costas. era dormir e seguir a vida quando acordasse em sampa. afinal, nada como um show do beastie boys para começar o dia em que eu ainda iria trabalhar 15 horas...

1 comment:

Lys said...

Desde quando Curitiba virou tua terra natal?