Uma amada amiga curitibana está hospedada aqui em casa. Como bom anfitrião que sou, vou aonde ela pede.
O destino era um lugar chamado "Beco do Aprendiz", na Vila Madalena. É um beco sem saída cheio de grafites lindos, que valem fácil fácil uma visita. O detalhe que é um beco fake, fica dentro de um lugar cedido pela prefeitura(ou qualquer coisa parecida), com grades trancando-o, pessoas cuidando, etc.
Sai de lá com duas coisas me apoquentando:
- É grafite. É street art. Devia tá na rua, mas não tá, tá num museu a céu aberto e regulado. Isso é bom ou ruim???
É bom. Legitima a arte, ergue ela. Uma senhora metida a intelectual que lê a Bravo! ou a Cult vai sentir-se fora de moda ao criticar aquela pintura do seu vizinho. Teu imposto tá lá, você vai querer ver. É tipo os ready-mades do Duchamp (pra quem não lembra, o cara que colocava os mictórios em museus e todo mundo ficava tentando analizar por que ele estava lá dentro).
Mas tem a parte ruim, a parte tretada. Foda é que a arte tem que ir pra rua, não ir pra dentro de lugares que as pessoas não passam toda hora. Tem que estar no caminho da pessoa pro trabalho, ou no trabalho delas. Por isso que grafites/lambe-lambes/qualquer porra do gênero são fódissimos. A arte tem que estar no dia-a-dia, não estar restrita a lugares fechados que necessitam de um desvio, um esforço para adentrar. A arte tem que estar no meio da sua vida, a arte tem que ser a sua vida.
Que a street art vá para as galerias, para a Bravo!, por Louvre ou qualquer badolha congênere, mas que saia de lá logo depois, por favor.
-Beco sem sáida. É pleonasmo?
Pergunto-me, existem becos com saída? Eu juro que eu não sei o que é um beco, se ele tiver saída.
Mar 18, 2006
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