Apr 16, 2007

não deu.

Desisti. Depois de três semanas, larguei os bets. Não rolou. Já que não conseguir fazer o post que eu tanto queria, só me resta agora apelar para a metalinguagem para ao menos ver, afinal, porque não consegui fazer o post que tanto queria.

O projeto final era claro: falar do semi-obscuro show do the evens e convencer as pessoas que ele foi tão incrível quanto o show de roger waters tocando o dark side of the moon para um morumbi lotado.

O primeiro problema que enfrentei era manter o caráter "universal" que ultimamente tenho tentando manter aqui no blog. Se eu quisesse falar só para um nicho de pessoas esse trabalho seria bem mais simples. Falar que o líder do evens tocava no fugazi deveria ser um bom começo de review para todos fãs da banda.

A alternativa que eu tinha achado para manter o caráter universal da coisa seria explicar a paixão que eu e muitos outros temos pelo fugazi. Como de nada valem as minhas paixões, eu poderia apelar para um argumento de autoridade musical: o fugazi é a banda preferida de John Frusciante, guitarrista do Red Hot. Tá, mas até aí o Pink Floyd é a banda preferida de muito mais gente. Talvez apelar para a enorme influência de Mackeye serviria. Eu poderia dizer que ele ajudou a moldar o Hardcore, o Pós-Hardcore e o... Emo. Como a última moda é falar mal de Emo, mesmo sem saber donde veio esse termo, o passado dele ferraria tudo. Que tal falar que o Fugazi nunca fez camisetas, posters e merchan e, mesmo assim, vendeu mais de um milhão de cds? Muito indie. Além disso, somente o Dark Side vendeu mais de 50 milhões...

Aí reside outro problema: falar que algo que não seja os beatles ou o led é comparável ao floyd tem um que de heresia muito forte. Você é desmoralizado na hora e a discução acaba. Não se argumenta, fala-se é floyd. ponto. Tipo assim:

Po cara, não dava pra ver o Roger Waters!!! Cara, não reclama, era Floyd! Mas cara, eu tava trezentos metros longe do maluco!!! Meu, para.... era Floyd!!!

Poucos lembram-se mas... não era Floyd. Era um restinho daquilo. Claro, que saí do show estasiado também. Sequer poderia falar que não gostei. Gostei. Mas não pode-se parar pra pensar, senão certas coisas já vão por água abaixo. No show, em que Roger tenta ser Deus, a coisa é impessoal, distante e cara, muito cara. Da até pra se sentir enganado.

Depois de todos esses empecilhos retóricos, ainda é difícil explicar a incrível atmosfera do show de dez reais no Sesc. Eu não conseguia descrever bem o jeito que Ian pediu para os seguranças deixarem todos tirarem as fotos ou com que ele interagia com a platéia. Muito menos descrever o jeito com que todos na platéia sorriam.

Minha última tentativa para o post, seria descrever os momentos depois do término do show. Depois de agradecer a platéia, Ian despluga o violão calmamente e o guarda no case. Enrola os fios sozinho e também os guarda. Desce do palco em frente e vai em direção a platéia com quem conversaria bastante depois do show. Mas mesmo depois disso tudo, Roger Waters e seu aparato de incontáveis seguranças e roadies ainda seriam justificáveis. Afinal, era Floyd...

3 comments:

Anonymous said...

Valeu... Foi uma boa descrição de um post que vç não conseguiu fazer!!! Faz imaginar,sem ser óbvia ou evidente, não foi coisa tendenciosa de fã. Fosse sobre política, passaria pelos censores nos anos 70.Gostei.
ABÇ

Anonymous said...

Não me enganou, filhão. Floyd é Floyd e fim de papo.

Helô said...

Talvez eu t ajude com uma conversa q tive com o meu pai depois do show...
Antes disso, vou contextualizar "meu pai".
Hippie, estudante da FAU de 64 a 67, fotografo, fanático por Pink Floyd.
Deu pra entender que ele é mais fan d Floyd do q qq um de nós pode ser, né?

No final do show eu perguntei pro meu pai se ele não tinha ficado emocionado e a resposta que obtive foi a seguinte... Quando meu pai era jovem, haviam bandas, como Os Beatles, que eram formadas mais por alguns membros do que por outros. Pink Floyd não era uma delas, Pink Floyd era Pink Floyd, era como se fosse um ser só, concreto e musical... Roger Waters é legal, toca o Dark Side inteiro, mas não é Pink Floyd, mesmo que a banda que estava com ele fosse excepcional...

Nem sei q raios é isso q vc foi ver no SESC, provavelmente eu não vou achar legal... Só queria dizer q Roger Waters não é Pink Floyd.

Mesmo assim, o show foi fantástico... E acho que existem algumas categorias de shows... E que shows d categorias diferentes não podem ser comparados... Pq convenhamos q msm q o Roger Waters quisesse mto, ele não ia conseguir tocar num palco baixo sem um maluco subir e agarrar ele, afinal, fizeram isso com o Bruce Dickinson e o palco nem era tão baixo ^^'